A 20a Romaria das Águas e da Terra está acontecendo no Noroeste mineiro, na Diocese de Paracatu, em várias pré-Romarias, no norte de MG, inclusive, sendo que a celebração final será dia 23/07/2017, em Unaí. Momento de fé libertadora, de celebração das lutas emancipatórias, de organização para a defesa dos direitos sociais e fortalecer em nós a mística de que a terra é mãe, é sagrada e não pode continuar sendo mercadoria. E a água é nossa irmã, fonte de vida.
Cristiano, do MTL, de Santa Vitória, no Triângulo Mineiro, MG: ameaçado de morte por lutar pelo direito à terra. 24/5/2018.
É preocupante o que vemos no Brasil pós-golpe: retirada de direitos de trabalhadoras e trabalhadores, violência acirrada no campo e na cidade, aumento do número de pessoas em situação de miséria, desemprego crescente, o desrespeito à liberdade individual, intolerância... A violação dos direitos fundamentais que garantem a dignidade humana alcança índices assustadores. É a lógica da opressão do capital tentando se firmar. É preciso fortalecer a resistência e a unidade na luta por justiça social, justiça agrária, justiça ambiental, enfim por direitos. Várias ações nesse sentido foram desenvolvidas no 2º Seminário do Programa de Proteção aos Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos realizados em Belo Horizonte, MG, de 22 a 25 de maio de 2018. O Seminário contou com a participação de integrantes de movimentos sociais, pastorais sociais, de instituições públicas e privadas, pesquisadores, representantes de organizações da sociedade civil, entre outros. Com o tema “Pelo direito de ter direitos”, foram discutidas as ameaças e violências sofridas pelos defensores e defensoras dos direitos humanos; mulheres e homens que, com coragem, lutam contra as injustiças, contra o poder do capital que oprime, explora e destrói vidas. Foram discutidas também estratégias de proteção. Nesse vídeo, frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI, conversa com Cristiano Aparecido da Silva, do Acampamento Córrego do Tatu, do MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), em Santa Vitória, Triângulo Mineiro, que fala da sua militância e das ameaças sofridas nessa luta pela terra e por direitos fundamentais.
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 24/5/2018.
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Daiane, quilombola - Ameaças e violência contra a Comunidade Quilombola Baú, em Araçuaí, MG, que luta pelo direito ao território. 24/5/2018.
Nesse tempo de desdobramento do golpe instituído no Brasil em 31/8/2016, em que as forças opressoras do capital tentam se fortalecer com atitudes de retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, violência, perseguições, discriminação, preconceito, entre outras violações de direitos, mais que nunca tornam-se necessárias a mobilização popular e o fortalecimento de ações concretas de defesa aos direitos humanos e, em especial, de proteção aos que lutam contra as diversas formas de injustiça, defensores e defensoras dos direitos humanos. De 22 a 25 de maio de 2018, aconteceu em Belo Horizonte, MG, o 2º Seminário Estadual de Programa de Proteção aos Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos, com a realização de várias atividades. Participaram desse Seminário representantes de diversos segmentos da sociedade, entre eles, integrantes de movimentos sociais, pastorais sociais, de instituições públicas e privadas, pesquisadores, representantes e organizações da sociedade civil. Com o tema “Pelo direito de ter direitos”, foram discutidas as ameaças e violências sofridas pelos defensores e defensoras dos direitos humanos; mulheres e homens que, com coragem, lutam contra as injustiças, contra o poder do capital que oprime, explora e destrói vidas. Foram discutidas também estratégias de proteção. Nesse vídeo, frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI, conversa com Daiane Santos das Neves, quilombola da Comunidade Quilombola Baú, no município de Araçuaí, região do Médio Jequitinhonha, em Minas Gerais. A região é marcada por constantes ameaças e violências contra os quilombolas que vivem no território há centenas de anos e lutam pelo direito a esse território que lhes foi roubado.
Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira.
Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG.
Marlene, geraizeira do Vale das Cancelas, no Norte de Minas Gerais, defensora dos Direitos Humanos, ameaçada de morte, mas segue na luta. 23/5/2018.
Aconteceu em Belo Horizonte, MG, de 22 a 25 de maio/2018, o 2º Seminário Estadual do Programa de Proteção aos Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos ameaçados de morte simplesmente por estarem lutando pela superação das injustiças sociais e ambientais. O Seminário contou com a participação de um expressivo número de pessoas, entre elas integrantes de movimentos sociais, pastorais sociais, de instituições públicas e privadas, pesquisadores, representantes e organizações da sociedade civil. Com o tema “Pelo direito de ter direitos” foram discutidas as ameaças e violências sofridas pelos defensores e defensoras dos direitos humanos e estratégias de proteção.
Nesse vídeo, reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI, que conversa com Marlene Ribeiro de Souza, geraizeira do Território Geraizeiro do Vale das Cancelas, do norte de MG. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 23/5/2018.
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Luta de carroceiros/as de BH/MG: o direito de trabalhar e respeito aos cavalos e éguas. 6ª Parte. 07/7/2018.
Quem procura conhecer melhor a realidade dos carroceiros e carroceiras de Belo Horizonte/MG, seu modo de ser, de viver e de relacionar com os cavalos e éguas que puxam suas carroças, logo percebe a injustiça do Projeto de Lei 142/79 que tem como objetivo criminalizar a categoria, justificando maus tratos aos animais, e, sob esse álibi, substituir os cavalos por motos para puxar as carroças. Esses trabalhadores e trabalhadoras têm muito entranhada em sua atividade a defesa e a proteção dos cavalos e éguas e têm com esses animais uma relação de afeto e cuidado como se fossem membros de suas famílias. Sabem que precisam desses parceiros e parceiras saudáveis, bem cuidados, para dar movimento à carroça, tornar possível o trabalho e garantir seu próprio sustento e/ou da família. Carroceiros e carroceiras são a favor da fiscalização para que os animais sejam bem tratados e sugerem que companheiros e companheiras que estiverem em desacordo com essa exigência sejam acompanhados e orientados para que possam retomar à atividade com novo comportamento, de forma a ter assegurado o direito ao trabalho. Estima-se que em Belo Horizonte tenha 10 mil carroceiros e carroceiras que, com dignidade, desse trabalho sobrevivem, além de contribuírem com o serviço de limpeza urbana e com o meio ambiente. É uma grande injustiça e um total desrespeito à sua tradição, aos seus saberes, serem tratados como descartáveis, eles que são verdadeiro patrimônio cultural da capital mineira. Carroceiras e carroceiras e uma grande Rede de Apoio dizem NÃO ao PL 142/2017 e apoiam a fiscalização da Prefeitura em relação aos cuidados e respeito com os animais. Carroceiros e carroceiras querem construir, junto com a Prefeitura de Belo Horizonte, uma política pública efetiva que garanta o direito ao trabalho dos carroceiros e carroceiras e as condições adequadas de vida para todos os animais.
* Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 07/7/2018.
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Luta dos carroceiros/as, cavalos e éguas em BH/MG: pelo direito ao modo de viver e pelo direito de existir na cidade. 5ª Parte. 07/7/2018.
Pelas ruas de Belo Horizonte e cidades da Região Metropolitana, assim com em muitas cidades brasileiras, ao som ensurdecedor de motores de veículos diversos, mistura-se o som quase que inaudível, mas cadenciado e harmônico, das carroças e dos cavalos e éguas. Homens e mulheres em suas carroças puxadas pelos animais transportam entulhos diversos, restos de construção e até mesmo pequenas mudanças. As carroças com os carroceiros, carroceiras, cavalos e éguas fazem parte da história de Belo Horizonte e foram fundamentais na sua construção. Carroceiros e carroceiras formam uma Comunidade Tradicional, rica em sua cultura, em seus saberes, e, por isso também, devem ser respeitados. Se no grupo há os que realizam essa atividade por falta de oportunidades, muitos são os que escolheram a profissão ou dão continuidade ao ofício aprendido com os pais e dependem da atividade para o sustento da família. Para os legítimos carroceiras e carroceiras, não se trata de uma profissão apenas, mas de uma tradição cultural baseada na relação de afeto que existe entre o carroceiro, a carroceira e o cavalo ou a égua, a cultura da roça mesmo, de verdadeira integração. Entretanto, essa cultura roceira não pode ser justificativa para que esse modo de ser, de viver e de trabalhar seja descartado em nome do progresso, e, por que não dizer, em nome do lucro ambicionado por trás das articulações que têm como objetivo criminalizar carroceiros e carroceiras e substituir as carroças por motocicletas. Homens e mulheres, carroças, cavalos e éguas têm, sim, todo direito de existir na cidade, sua roça, e fazer ressoar sobre o asfalto o som do seu trabalho, a garantia de sua sobrevivência, de sua dignidade. Carroceiras e carroceiras e toda uma Rede de Apoio dizem NÃO ao PL 142/2017 e apoiam a fiscalização da Prefeitura em relação aos cuidados e respeito com os animais. Carroceiros e carroceiras querem construir, junto com a Prefeitura de Belo Horizonte, uma política pública efetiva que garanta o direito ao trabalho dos carroceiros e carroceiras e as condições adequadas de vida para todos os animais.
* Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 07/7/2018. * Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Luta em defesa da cultura carroceira e do direito de trabalhar com cavalos e éguas. 4ª Parte. Belo Horizonte, MG, 07/7/2018.
Carroceiros, carroceiras e Rede de Apoio, que a cada dia cresce mais e se fortalece, mobilizam-se em Belo Horizonte na luta contra o PL 142/2017, que tem como objetivo criminalizar o uso de veículos de tração animal no município. O projeto apresenta como justificativa os maus tratos sofridos pelos animais, o que não condiz com a realidade. Legítimos carroceiros e carroceiras tratam os cavalos e as éguas que puxam suas carroças com respeito, cuidado e até mesmo com afeição, já que os animais são considerados como membros das famílias. Nas carroças que circulam pelas ruas e avenidas de Belo Horizonte, puxando as rédeas, não estão simples homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras. Estão carroceiras e carroceiros cheios de coragem, enfrentando o trânsito, disputando espaço com modernos automóveis. Alguns, pela falta de oportunidades, muitos por escolha e/ou seguindo ofício dos pais, o fato é que todos os legítimos e legítimas carroceiras aprenderam a gostar da profissão e dos animais e encontraram nesse serviço a garantia da sobrevivência, do sustento da família. Destaca-se também o fato de que os serviços prestados os qualificam como verdadeiros colaboradores/as do serviço de limpeza urbana e cuidadores do meio ambiente. Nesse vídeo, a 4ª parte da reportagem feita em vídeo por frei Gilvander, em reunião dos/das carroceiros/as de Belo Horizonte e Região Metropolitana, com depoimentos desses/as trabalhadores/as e apoiadores, que dizem NÃO ao PL 142/2017 e apoiam a fiscalização da Prefeitura em relação aos cuidados e respeito com os animais. Carroceiros e carroceiras querem construir, junto com a Prefeitura de Belo Horizonte, uma política pública efetiva que garanta o direito ao trabalho dos carroceiros e carroceiras e as condições adequadas de vida para todos os animais.
* Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 07/7/2018.
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Carroceiros, carroceiras e cavalos em Belo Horizonte, MG: dignidade e sobrevivência, 3ª Parte. 07/7/2018.
O Projeto de Lei 142/2017, que tramita na Câmara Municipal de Belo Horizonte, tem como objetivo criminalizar o uso de veículos de tração animal no município, as tradicionais carroças. Nesse vídeo, a 4ª parte da reportagem feita por frei Gilvander Moreira, em uma reunião de carroceiros e carroceiras de Belo Horizonte e Região Metropolitana, no dia 07/7/2018, com depoimentos desses trabalhadores/as e apoiadores.
A justificativa do Projeto é que os cavalos e éguas sofrem maus tratos, o que não confere com a realidade apresentada pelos/as legítimos/as carroceiros/as que trabalham na capital mineira e na RMBH. Percebe-se, claramente, o cuidado que dedicam aos animais, tanto no trato com alimentação, higiene, saúde, como no carinho e afeição a eles dispensados como se fossem membros da própria família. Esses/as legítimos/as carroceiros/as defendem a fiscalização por parte da Prefeitura para que sejam assegurados aos cavalos e éguas o respeito e o cuidado devidos e lutam também pelo direito de continuarem trabalhando com suas carroças e seus animais, pois é esse trabalho que garante o sustento de suas famílias, a sua sobrevivência. O trabalho por eles realizado lhes confere dignidade e também aos animais.
Vale lembrar que carroceiros e carroceiras ajudaram a construir Belo Horizonte desde a fundação da capital; e seus saberes tradicionais, a cultura carroceira, fazem parte da história da capital mineira e de toda Minas Gerais. Além disso, esses trabalhadores prestam importantes serviços de limpeza urbana e de transporte de pequenos volumes.
Carroceiros e carroceiras de Belo Horizonte e RMBH são a favor da vida e dos direitos de humanos e animais. Por isso, dizem NÃO ao PL 142/2017! Querem construir, junto com a Prefeitura de Belo Horizonte, uma política pública efetiva que garanta o direito ao trabalho dos carroceiros e carroceiras e as condições adequadas de vida para todos os animais.
* Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 07/7/2018.
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O que se compreende por ‘sujeito social’, ‘classe’
e ‘ideologia do trabalho’? Em uma pesquisa de doutorado sobre a Luta pela Terra
enquanto Pedagogia de Emancipação Humana buscamos deixar claro, entre muitos
conceitos, qual o conceito de ‘sujeito social’, de ‘classe’, de ‘ideologia do
trabalho’ como meio para se enriquecer. Em diálogo com Roseli Caldart, usamos a
expressão “sujeito social para
indicar uma coletividade que constrói sua identidade (coletiva) no processo de
organização e de luta pelos seus próprios interesses (direitos, acréscimo nosso) sociais” (CALDART, 2012, p. 37). Destacamos
que o termo identidade traz consigo a
noção de essência que se refere a algo
que é. Por isso, considerando que a luta pela terra trata-se de algo sempre
dinâmico e complexo, pensamos ser melhor afirmar que os Sem Terra constroem de
forma coletiva uma identificação, uma
espécie de identidade aberta[2].
Mais do que ‘interesses’ sociais, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e centenas de outros movimentos
camponeses lutam por direitos sociais, entre os quais é primordial o direito à
terra.
Compreendemos que o conceito de classe é fundamental para a análise da
luta pela terra.Ao conceituar classe, precisamos distinguir o que se
compreende por classe, ciente de que para Marx os conceitos não são fixos e
estáticos, pois a dialética se expressa no movimento próprio dos conceitos. Edward
Thompson faz a seguinte distinção: “Classe não é, como gostariam alguns
sociólogos, uma categoria estática: tais e tais pessoas situadas nesta e
naquela relação com os meios de produção, mensuráveis em termos positivistas ou
quantitativos. Classe, na tradição marxista, é (ou deve ser) uma categoria estática
descritiva de pessoas em uma relação no decurso do tempo e das maneiras pelas
quais se tornam conscientes de suas relações, como se separam, unem, entram em
conflito, formam instituições e transmitem valores de modo classista. Neste
sentido, classe é uma formação tão “econômica” quanto “cultural”; é impossível
favorecer um aspecto em detrimento do outro, atribuindo-se uma prioridade
teórica” (THOMPSON, 2001, p. 260).
A ideologia dominante e hegemônica tem muito poder.
“A ideologia dominante tem uma capacidade muito maior de estipular aquilo que
pode ser considerado como critério legítimo de avaliação do conflito, na medida
em que controla efetivamente as instituições culturais e políticas da
sociedade” (MÉSZÁROS, 1996, p. 15). Para compreendermos a Luta pela Terra
enquanto Pedagogia de Emancipação Humana, é preciso entender a ideologia do
trabalho como meio para se enriquecer. No livro O Cativeiro da Terra, José de Souza Martins diz que “além da
disponibilidade de terras, era necessária a abundância de mão de obra de
trabalhadores dispostos a aceitar o mesmo trabalho que até então era feito pelo
escravo. Trabalhar para vir a ser proprietário de terra foi a fórmula definida
para integrar o imigrante na produção do café” (MARTINS, 2013, p. 51).
Para não desmascarar a ideologia do trabalho como
meio para adquirir riqueza, “inaugurando um novo secador de café, um fazendeiro
de Campinas promoveu uma grande comemoração devidamente hierarquizada, que é
significativa indicação a respeito: “à tarde foi servido, no terreiro da
fazenda, um grande jantar aos escravos ... [...] Às 6 horas da tarde foi
servido o banquete aos convidados, na sala de jantar ... [...] Às 7 horas foi
servido, em outra sala do prédio, o lauto jantar aos colonos ...” Os do
terreiro, os de fora, não eram iguais aos de dentro da casa. Mas dentro da casa
havia o jantar do fazendeiro e o jantar do colono, o que come antes e o que
come depois. Embora desiguais, fazendeiro e imigrante são vinculados entre si
por uma igualdade básica, a identidade de quem come na casa-grande. Nesse
plano, o imigrante está contraposto à senzala” (MARTINS, 2013, p. 51).
A pedra fundamental da ideologia do trabalho como
caminho para o enriquecimento afirma que pelo trabalho se conquista autonomia e
liberdade, mas isso não acontece na maioria dos indivíduos da classe
trabalhadora e nem na maioria dos camponeses, porque a ideologia do trabalho “encobre
e obscurece o conteúdo principal da relação entre o patrão e o empregado. Por
meio dela, o trabalho não é considerado principalmente como uma atividade que
enriquece o patrão. Ao contrário, o trabalho é considerado como uma atividade
que cria a riqueza própria e, ao mesmo tempo, pode liberar o trabalhador da
tutela do patrão” (MARTINS, 2013, p. 203).
O ponto crucial do problema, que gera uma injustiça
estrutural e justifica a exploração do trabalhador pela classe patronal, é que “o
capital (a riqueza) não é visto nem concebido como produto do trabalho de
outros, isto é, como produto do trabalho do operário despojado dos meios de
produção, do confronto e do antagonismo entre o capital e o trabalho,
personificado no capitalista e no proletário. Ao contrario, o capital é concebido
como produto do trabalho do próprio capitalista” (MARTINS, 2013, p. 203-204).
A classe se forma quando um grupo de trabalhadores,
pela experiência vivenciada ou herdada, descobre que, irmanados, estão
submetidos todos ao mesmo processo de exploração e, por isso, assumem uma
identidade que os reúne na defesa dos seus direitos e na resistência contra e
para além do sistema do capital. "A classe acontece quando alguns homens,
como resultado de experiências comuns (herdadas ou partilhadas), sentem e articulam
a identidade de seus interesses entre si, e contra outros homens cujos
interesses diferem (e geralmente se opõem) dos seus" (THOMPSON, 1987, p.
10).Pelas contradições do sistema do
capital, o sentimento de pertença à classe trabalhadora ou ao campesinato
acontece quando pela própria experiência a/o trabalhador/a percebe que é apenas
formal e abstrata a liberdade que a classe dominante diz que ele tem. Se fosse
real a liberdade alardeada pelos capitalistas, a/o trabalhador/a teria várias
opções. Entretanto, ao longo da história do capitalismo, a/o trabalhador/a não
teve a opção de escolha entre muitos. Somente os patrões tiveram/têm liberdade
porque tiveram/têm à sua frente um batalhão de famintos pronto a ser contratado
por qualquer preço que mitigue sua fome diária.
Referência
CALDART,
Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem Terra. 4ª Ed. São Paulo: Expressão Popular, 2012.
MARTINS, José de Souza. O
Cativeiro da Terra. 9ª edição. São Paulo: Contexto, 2013.
MÉSZÁROS, István. O Poder da Ideologia. São Paulo:
Ensaio, 1996.
THOMPSON,
Edward Palmer. As peculiaridades dos
ingleses e outros artigos. NEGRO, Antonio Luigi; SILVA, Sergio (org.).
Campinas, São Paulo: Unicamp, 2001.
______. A
Formação da Classe Operária Inglesa: A Árvore da Liberdade. Vol. 1. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1987.
Belo Horizonte, MG,
17/7/2018.
Obs.: Os vídeos, abaixo, ilustram o texto, acima.
1 - MST e Povo das Ocupações urbanas unidos
na luta por terra e moradia. 23/08/2014.
2 - Ocupação Carolina Maria de Jesus/MLB,
Belo Horizonte/MG: 200 famílias/prédio de 14 andares. 06/9/2017.
3 - Dona Vilma, 73 anos, em Belo Horizonte, MG:
DESPEJO VAI. DONA VILMA FICA. 2ª Parte. 10/4/2018.
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.E-mail: gilvanderlm@gmail.com
– www.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br–
[2] Manuel
Castells, nos livros O poder da
identidade, Vol. I e Vol. II, analisa a sociedade em rede e traz uma
discussão atualizada sobre os novos movimentos socais ao falar de ‘identidade
de projeto’. Cf. CASTELLS, Manuel. O
poder da identidade. Vol. I. São Paulo: Paz e Terra, 2002. E, CASTELLS,
Manuel. O poder da identidade. Vol.
II. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
Tiãozinho da CPT e da Bio-Saúde - Vídeo inédito - Em Belo Horizonte/MG: Luta que continua. Serviço à saúde. 4ª Parte – 30/12/2018.
Vídeo inédito de Tiãozinho, gravado por frei Gilvander Moreira, no dia 30/12/2017 e editado em 14/7/2018, um dia após a passagem definitiva de Tiãozinho para a vida plena. Este vídeo é a 4a parte do Documentário feito em vídeo, por frei Gilvander, sobre a trajetória de luta, fé e vida de Sebastião Clemente de Souza, o Tiãozinho das CEBs, da CPT, do STR (Sindicato dos Trabalhadores Rurais) de João Pinheiro e Brasilândia e da Bio-Saúde BH/MG. Que beleza de história de vida e de luta que Tiãozinho tem! Bem-aventurado é o Tiãozinho, que teve sempre fome e sede de justiça e lutou pela partilha do pão! Bem-aventurado é o Tiãozinho, pela pureza do seu coração, que o faz, agora, contemplar, face a face, o Deus da Vida, com o sorriso de verdadeiro discípulo de Jesus Cristo e profeta da causa dos injustiçados do campo e da cidade. Bem-aventurado é o Tiãozinho, que combatendo a opressão e as injustiças, defendendo a vida de irmãos e irmãs, da Mãe terra, da Irmã água e de toda a criação, se fez construtor do Reino de Justiça e, agora, é acolhido, na vida plena pelo Deus da Vida, como filho muito amado. Bem-aventurado é, é e será sempre, o Tiãozinho, que sofreu perseguições por causa da justiça e desfruta agora da glória luminosa do Reino do céu! Bem-aventurado é Sebastião Clemente de Souza, o Tiãozinho, que continua sendo luz e sal, presente em nós, na luta que continua pela construção do Reino de Deus aqui na terra... de justiça e fraternidade.
* Documentário em vídeo de frei Glvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. 4ª Parte.
Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 07/7/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Carroceiros e carroceiras de Belo Horizonte e RMBH: Cultura de cuidado com o meio ambiente e respeito com os animais. 2ª Parte. 07/7/2018.
Tramita na Câmara Municipal de Belo Horizonte o Projeto de Lei 142/2017 que tem como objetivo criminalizar o uso de veículos de tração animal no município. Carroceiros e carroceiras de Belo Horizonte e RMBH, com Rede de Apoio, mobilizam-se na luta em defesa desses trabalhadores e trabalhadoras, que com essa atividade tradicional tiram o sustento da família. O Projeto é justificado pelos maus tratos aos animais, o que não confere com o comportamento dos legítimos carroceiras e carroceiras, que têm nos animais que puxam suas carroças mais que amigos, são tratados como membros da família. Se alguns poucos utilizam carroças e maltratam os animais, isso não pode ser generalizado. Os legítimos carroceiros e carroceiras apoiam a fiscalização da Prefeitura e defendem o respeito aos animais. As carroceiras e os carroceiros estão presentes na cidade de Belo Horizonte desde o início de sua criação e ajudaram a construí-la. Prestam serviços importantes de limpeza urbana e transporte de pequenos volumes. São verdadeiros agentes ambientais da cidade. Além disso, têm sua própria cultura carroceira, com saberes tradicionais que fazem parte do patrimônio da cidade. Carroceiros e carroceiras de Belo Horizonte e RMBH são a favor da vida e dos direitos de humanos e animais. Por isso, dizem NÃO ao PL 142/2017! Querem construir, junto com a Prefeitura de Belo Horizonte, uma política pública efetiva que garanta o direito ao trabalho dos carroceiros e carroceiras e as condições adequadas de vida para todos os animais.
* Reportagem em vídeo de frei Glvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI.
Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 07/7/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Carroceiros e carroceiras de Belo Horizonte, MG: Respeito à cultura, direito ao trabalho. 1ª Parte. 07/7/2018.
Carroceiros e carroceiras de Belo Horizonte e Região Metropolitana vivem momentos de tensão e preocupação e veem desrespeitada sua cultura, seus direitos e sua dignidade. Tramita na Câmara Municipal de Belo Horizonte o Projeto de Lei 142/2017 que tem como objetivo criminalizar o uso de veículos de tração animal no município. Para os carroceiros e carroceiras, os cavalos não são objetos, são amigos, parceiros, companheiros de trabalho que fazem parte de suas vidas, de suas famílias. Carroceiros e carroceiras cuidam bem de seus animais e são contra os maus tratos aos animais e, por isso, defendem e apoiam ações de fiscalização da prefeitura nesse sentido. Não é justo que se criminalize uma profissão e cerca de 8 mil trabalhadores - que envolve 8 mil famílias -, só em Belo Horizonte, por casos isolados de maus tratos aos animais praticados por pessoas que nem são legítimos/as carroceiros/as. As carroceiras e os carroceiros estão presentes na cidade de Belo Horizonte desde o início de sua criação e ajudaram a construí-la. Prestam serviços importantes de limpeza urbana e transporte de pequenos volumes. São verdadeiros agentes ambientais da cidade. Além disso, têm sua própria cultura carroceira, com saberes tradicionais que fazem parte do patrimônio da cidade. Carroceiros e carroceiras de Belo Horizonte e RMBH são a favor da vida e dos direitos de humanos e animais. Por isso, dizem NÃO ao PL 142/2017! Querem construir, junto com a Prefeitura de Belo Horizonte, uma política pública efetiva que garanta o direito ao trabalho dos carroceiros e carroceiras e as condições adequadas de vida para todos os animais.
Nesse vídeo, a 1ª parte da reportagem feita por Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBS e do CEBI, no dia 07/7/2018, quando carroceiros e carroceiras de Belo Horizonte realizaram reunião para discutir o assunto e decidir ações de luta, com medidas a serem tomadas em defesa dos seus direitos, da sua cultura.
Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 07/7/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
A CPT na luta ao
lado dos camponeses. Por Gilvander Moreira[1]
Muitas pessoas nos perguntam: “Que tipo
de atuação faz a Comissão Pastoral da Terra (CPT) por meio dos seus agentes de
pastoral junto aos camponeses? O que é camponês? E posseiro? Que tipo de trabalho
dignifica o/a trabalhador/a?” Camponês se distingue também de trabalhador rural
proletarizado, que “desapossado da terra e de seus instrumentos de trabalho, em
suma, dos meios de produção, não mais dispõe da autonomia social mínima dos
cultivadores, fundada no controle costumeiro ou jurídico da terra” (MOURA, 1988,
p. 15). Apoiando o camponês está o agente de pastoral da Comissão Pastoral da
Terra (CPT), que é a pessoa integrante da CPT, seja trabalhador/a com carteira
assinada pela CPT ou voluntário, que atua prestando um serviço pastoral junto
aos camponeses nas suas mais diversas formas: acampados, assentados, sem-terra,
Sem Terra, quilombolas, boias-frias[2],
assalariados, ribeirinhos, vazanteiros, indígenas, ciganos etc. O serviço
pastoral envolve conviver com os camponeses, participar de suas lutas, fomentar
a organização deles a partir deles, denunciar as injustiças e defender suas
bandeiras de luta. Isso baseando-se em uma inspiração de fé libertadora,
vivenciada, como ato primeiro, nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e nas
Pastorais Sociais, e, como ato segundo, sistematizada na Teologia da
Libertação, que Michael Lowy chama de ‘Cristianismo Libertador’ “por ser esse
um conceito mais amplo que ‘teologia’ ou que ‘Igreja’ e incluir tanto a cultura
religiosa e a rede social, quanto a fé e a prática” (LOWY, 2000, p. 57). Assim,
a CPT presta às camponesas e aos camponeses assessoria pastoral, teológica,
metodológica, jurídica, política, sociológica e celebra a fé, as iniciativas,
as vitórias e os fracassos do povo camponês com eles/no meio deles,
interligando as lutas e dinamizando-as.
Entende-se por posseiro o usuário de
terras ainda não tituladas. Ou seja, posseiro é o que reivindica para si as
terras sobre as quais está trabalhando. O posseiro luta, não apenas pela terra,
mas pela liberdade de trabalho familiar, o que lhe confere liberdade de
trabalho autônomo e liberdade de decisão. “A expansão do capital se faz
preferencialmente sobre terras ocupadas por posseiros, através (sic) da expropriação e da expulsão.
[...] Ele deve ser expulso porque deprime ou elimina, ou seja, destrói a renda
fundiária. A posse é a negação da propriedade” (MARTINS, 1983, p. 116).
Posseiros e Sem Terra disputando a mesma terra constitui um conflito fundiário
diferente do conflito fundiário entre empresas do agronegócio e posseiros ou
quilombolas, ou indígenas ou outra comunidade tradicional como os vazanteiros e
os geraizeiros. “O posseiro é produto da própria expansão do capital; o índio
não o é” (MARTINS, 1983, p. 117). As comunidades tradicionais não são
indígenas, mas também não são simples posseiros. Os peões e o trabalho escravo
com escravidão por dívida, combatido em campanha permanente da CPT, são também
produtos do avanço do capital sobre o campo.
Durante o império romano, na língua
latina, o termo tripálio (tripalium, em
latim)faz referência a trabalho, mas
literalmente significa três paus para empalar e torturar escravos. Na língua grega existem dois termos
para se referir a trabalho: doulos e poiesas. O termo doulos se refere ao trabalho enquanto servidão, análogo à situação
de escravidão, trabalho fruto de força de trabalho vendida no mercado para
gerar mais-valia. O termo grego poiesas
se refere ao trabalho criativo e prazeroso, no qual a trabalhadora e o
trabalhador criam e gozam os frutos do seu trabalho. Trabalho no sentido de poiesas é o que o profeta Isaías na
Bíblia anuncia como utopia em uma sociedade com “novos céus e nova terra”: “Os
homens construirão casas e as habitarão, plantarão videiras e comerão os seus
frutos. Já não construirão para que outro habite a sua casa, não plantarão para
que outro coma o fruto” (Isaías 65,21-22a). No sentido criativo, na luta pela
terra há muito trabalho, que vai desde a organização inicial, passa pelo
trabalho de base, pelos enfrentamentos que são desencadeados a partir da
ocupação de latifúndios que não cumprem sua função social e permeia o dia a dia
da vida social nos acampamentos e assentamentos, transcorre a produção, a lida
com a terra e a organização que deve ser constante. A luta se torna um trabalho
educativo que busca emancipação.
Na realidade brasileira, atualmente o
que predomina é o trabalho no sentido de tripalium
ou doulos: trabalho escravo, sendo renda
capitalizada, em uma espécie de Servidão
Moderna[3],
enquanto apenas uma minoria tem garantido seu direito de trabalhar no sentido
de poiesas, trabalho que dignifica a
pessoa humana, pois é criativo e dá asas à criatividade. Para Marx, trabalho é
toda ação humana transformadora da natureza.
A CPT, durante várias décadas, preferiu
se referir aos camponeses chamando-os de lavradores,
como é mais conhecido no meio rural brasileiro, porque lavrador, além de referir-se a quem lavra a terra, exprime aquele
que exerce um labor, um trabalho.
Logo, lavrador é camponês trabalhador. “A categoria camponês, que etimologicamente vem de campo (campus, no latim), não é, no meio rural brasileiro, mais rica em conteúdo
do que lavrador, que contém na raiz a
palavra latina labor; esta não só
quer dizer trabalho, mas possui
também a conotação de esforço cansativo, dor e fadiga” (MOURA, 1988, p. 16).
Enfim, tecemos essas considerações
cientes de que a clareza sobre tudo o que envolve a luta pela terra pode
aumentar o êxito da luta dos camponeses por todos os direitos sociais, entre os
quais o direito à terra é primordial e imprescindível.
Referência
LOWY,
Michael. A Guerra dos Deuses:
religião e política na América Latina. Petrópolis: Vozes, 2000.
MARTINS, José de
Souza. Os Camponeses e a Política no Brasil: as lutas sociais no campo e seu
lugar no processo político. 2ª edição. Petrópolis: Vozes, 1983.
MOURA, Margarida Maria. Camponeses.
2ª edição. São Paulo: Editora Ática, 1988.
2
- A Mãe terra acolhe seus filhos em luta: Ocupação Nova Jerusalém/Nova
Serrana/MG. 30/6/2018.
3
- Terra e dignidade para o Povo Cigano da Lagoa de S. Antônio em Pedro
Leopoldo/MG. 3ª Parte/ 14/6/2018.
[1]
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG;
licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas;
assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais
Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.
[2]
“Boias-frias são trabalhadores volantes, moradores dos bairros pobres das
cidades do interior, convertidos em trabalhadores temporários na agricultura”
(MARTINS, 1983: 67).
Vídeo
- Acampamento Cigano do Bairro Cascata, em Ibirité, MG: clamor por direitos. 1ª
Parte. 07/7/2018.
Representantes do Centro de
Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES), daComissão Pastoral da Terra/MG (CPT), do
Kaipora – Laboratório de Estudos Bioculturais da Universidade do Estado de
Minas Gerais (UEMG ) – Unidade de Ibirité - e da Rede Nacional de Advogadas e
Advogados Populares/MG (RENAP-MG), visitaram, no dia 07 de julho de 2018, o
Acampamento Cigano do Bairro Cascata, em Ibirité, Região Metropolitana de Belo
Horizonte, MG, a convite do Sr. Ígor, uma das lideranças desse Acampamento
Cigano.
A situação das 35 famílias
que vivem no Acampamento Cigano do Cascata, em Ibirité, é crítica e
extremamente preocupante. Localizado próximo ao Córrego Cascata, totalmente
poluído, o Acampamento está montadoem
terreno onde o esgoto corre a céu aberto, sem o serviço de coleta de lixo e de
saneamento básico, e as famílias, constituídas por muitas crianças, jovens e
idosos,estão expostas adoenças e em situação de extrema vulnerabilidade
social. A sobrevivência dessas famílias depende basicamente do serviço dos
ciganos como carroceiros que, como eles mesmos dizem, “um dia tem serviço, no
outro não tem” e do que recebem doBolsa-Família. Alimentam-se, muitas vezes, de restos trazidos do
“Sacolão”, em suas carroças, para alimentar os animais. Separam frutas, verduras
e legumes que julgam estar ainda bons para o consumo e repartem entre si. Uma
cenahumilhante, que fere totalmente o
princípio da dignidade humana.
Para as crianças, nenhum
espaço para as felizes experiências da infância, cheia de brincadeiras, já que
o espaço não oferece condições para essa liberdade. Para os jovens, a angústia
de uma realidade que lhes rouba os sonhos e as esperanças. Para os adultos,
pais e mães, a sensação da impotência, da fragilidade. Para os idosos, a dor de
toda uma história ferida, desrespeitada em sua cultura, em suas tradições. O
que se vê claramente é a marca do cruel abandono dessas famílias pelo Poder
Público, municipal e estadual, que não respeita seus direitoscomo Povos Tradicionais e como cidadãos e
cidadãs, com direito à saúde, à educação, à assistência social, à segurança e,
acima de tudo, direito a um terreno onde possam levantar suas barracas e viver
em paz.
A Comunidade Cigana do
Cascata, em Ibirité, MG, e toda a Rede de Apoio constituída em função da luta em
defesa dos Povos Ciganos de Minas Gerais, reivindicam, firmemente, que seja
assegurado a essas famílias do Acampamento Cigano do Cascata, e de todos os
Acampamentos Ciganos de Ibirité, o direito à terra, com terreno adequado,onde possam fincar suas tendas e ter acesso à
água, à energia elétrica, a banheiro, de forma a viverem com a dignidade a que
têm direito. Exige-se, com urgência, o cumprimento de direitos garantidos aos
Povos Ciganos na Constituição Federal e na Convenção 169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), que foi assinado pelo Brasil em 2002 e entrou em vigor em
julho de 2003.
*Reportagem em vídeo de frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da
Equipe de Comunicação da CPT-MG. Ibirité, MG, 07/7/2018.
* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link:
https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as
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sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.
Acampamento Cigano do Bairro Cascata, em Ibirité, MG: clamor por direitos. 1ª Parte. 07/7/2018.
Representantes do Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES), da Comissão Pastoral da Terra/MG (CPT), do Kaipora – Laboratório de Estudos Bioculturais da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG ) – Unidade de Ibirité - e da Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares/MG (RENAP-MG), visitaram, no dia 07 de julho de 2018, o Acampamento Cigano do Bairro Cascata, em Ibirité, Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG, a convite do Sr. Ígor, uma das lideranças desse Acampamento Cigano.
A situação das 35 famílias que vivem no Acampamento Cigano do Cascata, em Ibirité, é crítica e extremamente preocupante. Localizado próximo ao Córrego Cascata, totalmente poluído, o Acampamento está montado em terreno onde o esgoto corre a céu aberto, sem o serviço de coleta de lixo e de saneamento básico, e as famílias, constituídas por muitas crianças, jovens e idosos, estão expostas a doenças e em situação de extrema vulnerabilidade social. A sobrevivência dessas famílias depende basicamente do serviço dos ciganos como carroceiros que, como eles mesmos dizem, “um dia tem serviço, no outro não tem” e do que recebem do Bolsa-Família. Alimentam-se, muitas vezes, de restos trazidos do “Sacolão”, em suas carroças, para alimentar os animais. Separam frutas, verduras e legumes que julgam estar ainda bons para o consumo e repartem entre si. Uma cena humilhante, que fere totalmente o princípio da dignidade humana.
Para as crianças, nenhum espaço para as felizes experiências da infância, cheia de brincadeiras, já que o espaço não oferece condições para essa liberdade. Para os jovens, a angústia de uma realidade que lhes rouba os sonhos e as esperanças. Para os adultos, pais e mães, a sensação da impotência, da fragilidade. Para os idosos, a dor de toda uma história ferida, desrespeitada em sua cultura, em suas tradições. O que se vê claramente é a marca do cruel abandono dessas famílias pelo Poder Público, municipal e estadual, que não respeita seus direitos como Povos Tradicionais e como cidadãos e cidadãs, com direito à saúde, à educação, à assistência social, à segurança e, acima de tudo, direito a um terreno onde possam levantar suas barracas e viver em paz.
A Comunidade Cigana do Cascata, em Ibirité, MG, e toda a Rede de Apoio constituída em função da luta em defesa dos Povos Ciganos de Minas Gerais, reivindicam, firmemente, que seja assegurado a essas famílias do Acampamento Cigano do Cascata, e de todos os Acampamentos Ciganos de Ibirité, o direito à terra, com terreno adequado, onde possam fincar suas tendas e ter acesso à água, à energia elétrica, a banheiro, de forma a viverem com a dignidade a que têm direito. Exige-se, com urgência, o cumprimento de direitos garantidos aos Povos Ciganos na Constituição Federal e na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que foi assinado pelo Brasil em 2002 e entrou em vigor em julho de 2003.
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Ibirité, MG, 07/7/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.