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Carta aos Efésios: todos são família de Deus. Por frei Gilvander

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Vídeo Documentário do COMDHRU - Comitê de Defesa da Bacia do Rio Urucuia, no Noroeste de Minas Gerais.

Vídeo Documentário do COMDHRU - Comitê de Defesa da Bacia do Rio Urucuia, no Noroeste de Minas Gerais. 

O agronegócio e o hidronegócio estão secando as nascentes, os córregos, as lagoas e o Rio Urucuia, um dos 36 afluentes do Rio São Francisco. A XX Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais, em 2017, no Noroeste de MG, na Diocese de Paracatu, vem fortalecer a luta em defesa das águas e da terra, como dons do Deus da Vida e bens comuns que não podem continuar sendo dizimados. 


Primeiro grito da XX Romaria das águas e da Terra de Minas Gerais, no Noroeste, vem da prisão, em Carta de um militante preso: Carta a um amigo.

Primeiro grito da XX Romaria das águas e da Terra de Minas Gerais, no Noroeste, vem da prisão, em Carta de um militante preso: Carta a um amigo.

O autor é Jorge Augusto Xavier de Almeida, o Jorjão Sem Terra, preso em Unaí, MG. “O amigo” são as nascentes, os córregos, os rios e os povos do Noroeste de Minas Gerais, tão violentados pelo agronegócio e pelo hidronegócio. O poema clama em defesa das águas, da vida e da dignidade humana e socioambiental.

A XX Romaria das águas e da Terra de Minas Gerais será realizada no Noroeste de MG, na Diocese de Paracatu, com celebração final dia 23 de julho de 2017, um domingo, em Unaí. Terá como Tema: Povos da Cidade e do Sertão Clamando por Água, Terra e Pão. E Lema: Povos, Rios, Veredas e Nascentes são Dons de Deus em Romaria e Resistência.
Leia devagarinho refletindo sobre o que diz o poema, abaixo. Se você se comover, compartilhe-o.
Carta a um amigo – Carta de um militante preso.
De Jorge Augusto Xavier de Almeida, o Jorjão, preso em Unaí, MG.

Meu amigo barriguda
Escrevo para te dizer
Que não esqueço de ti
Mas nada posso fazer
Porque também vivo preso
Me resta só te escrever

Estimado companheiro
Quero aqui reafirmar
O compromisso que eu fiz contigo
Numa noite de luar
De lutar sem cansaço
Pra poder te libertar

E quando eu sair daqui
Vou logo te visitar
Nessa terrível prisão
E quero te confirmar
Que tu tens advogados
E o alvará vai chegar

Os teus irmãos Taquaril
Bebedouro e Confins
Tiveram sentença igual
E levam vida ruim

Vivendo prisioneiros
Num cativeiro sem fim

Extrema e veredinha?
Eu nem sei s’indá tem jeito
Só poeira e sequidão
Existe dentro do leito
Isso só aumenta a angústia
Que trago dentro do peito

Quem chora por tu também?
É a Gralha e o Juriti
Que bebiam tua água
E descansavam ali
Mas da sombra d´tuas margens
Foram obrigados a sair

E o cantar de tristeza
Dos passarinhos é notório
Afinada orquestra fúnebre
Tocando em um velório
Eles velam o leito seco
Quem me contou foi Honório

Não quero te deixar triste
Mas seu Gonçalo falou
Que as famílias de Lontras
Que você alimentou
Morreram de fome e sede
Quando teu leito secou

Naquele teu leito seco
Urubus fez festa ali
Com a morte de tantos peixes
Não sobrou nem um Acari
E do Vida Nova abaixo
Não existe um Lambari

E como fica o Urucuia
Com essa ausência sua?
A água que ele tem hoje
Mal abastece a rua
O povo já reclamou
E o estado não atua

O Urucuia está enfermo
É um rio sem alegria
Pois sente a degradação
Que viola a sua bacia
As águas diminuindo
E a morte é questão de dias

E quando o rio morre
Também morre a esperança
Só no campo da memória
Conservamos a lembrança
De um ambiente perfeito
Destruído por ganância

Velho Chico sente falta
De vocês fazendo a festa
Contribuindo com ele
Organizando a seresta
Para uma grande piracema
E compondo aquela orquestra

A festa ficou foi triste
Não tem mais alegria
D’quando vocês iam juntos
De Minas para a Bahia
Até chegar a Sergipe
Viajando noite e dia

Sei que você foi detido
Por força de liminar
E a ordem veio d’um juiz
Para te aprisionar
Foi um mandato de prisão
Que fez teu leito secar

Quem assinou a sentença
E mandou te executar
Foi o juiz Adriano
Trabalha em BH
Na 5ª vara da fazenda
A ordem partiu de lá

Você é um caso a parte
Precisamos muita sorte
Esta sentença pesada
Embora a lei comporte
Você já foi condenado
A uma pena de morte

Se teus opressores dessem
Uma saída temporária
Pra passar o Natal conosco
É meu desejo, tomara
Vai ser o melhor presente
Será uma jóia rara

Nessa prisão minha e sua
Eu penso todo segundo
São poucas as semelhanças
O meu pensar é profundo
Me deter afeta pouco
Te prender afeta o mundo
Na luta por liberdade
Você não está sozinho
São milhares de pessoas
Que te tem muito carinho
E o carrasco é um só
Mora perto e é teu vizinho

Barriguda eu termino
Todo cheio de saudade
Desejo que tenha forças
Pra enfrentar a maldade
Confesso que me orgulho
De ter a vossa amizade.


Presídio de Unaí, MG, véspera de Natal de 2016.

Rio Urucuia na UTI clama por socorro. XX Romaria das Águas e da Terra/MG...

domingo, 29 de janeiro de 2017

Convite para a XX Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais, que será no Noroeste de MG. Reunião em Unaí dia 15/12/2016.

Convite para a XX Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais, que será no Noroeste de MG. Reunião em Unaí dia 15/12/2016.


Músicas das CEBs animando a preparação da XX Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais. Reunião em Unaí, dia 10/01/2017.

Músicas das CEBs animando a preparação da XX Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais. Reunião em  Unaí, dia 10/01/2017.


XX Romaria das Águas e da Terra de Minas no Noroeste de MG (Diocese de Paracatu): canto, tema e lema. Dia 10/01/2017.

XX Romaria das Águas e da Terra de Minas no Noroeste de MG (Diocese de Paracatu): canto, tema e lema. Dia 10/01/2017.


Memória da I Romaria da Terra e das Águas de Minas Gerais, que aconteceu em Manga, no Norte de Minas, dia 26/10/1996.

Memória da I Romaria da Terra e das Águas de Minas Gerais, que aconteceu em Manga, no Norte de Minas, dia 26/10/1996. 



Memória da II Romaria da Terra do Noroeste de Minas, em Arinos, dia 25/07/1993. Arinos tem hoje 27 assentamentos.

Memória da II Romaria da Terra do Noroeste de Minas, em Arinos, dia 25/07/1993. Arinos tem hoje 27 assentamentos.


Memória da I Romaria da Terra do Noroeste de Minas, em Arinos, dia 25/07/1991.

Memória da I Romaria da Terra do Noroeste de Minas, em Arinos, dia 25/07/1991.


O Noroeste de Minas já foi palco de duas Romarias da Terra.

O Noroeste de Minas já foi palco de duas Romarias da Terra.

Antes da 1ª Romaria estadual da Terra e das Águas de Minas Gerais, que aconteceu em 26 de outubro de 1996 na cidade de Manga no Norte de Minas, aconteceram duas Romarias da Terra regionais no noroeste mineiro. A 1ª Romaria da Terra do Noroeste ocorreu no dia 25 de julho de 1991 na Igrejinha, distrito de Arinos, no meio de um grande conflito de terra na Fazenda Menino – que já serviu no passado de esconderijo aos líderes de esquerda fugindo da perseguição dos tiranos da ditadura militar como Brizola, Oscar Niemayer e outros. Centenas de romeiras e romeiros seguiram a pé 12 quilômetros, sob sol escaldante, em caminhada da Igrejinha até a Fazenda Menino, onde o fazendeiro José Alfredo mandou seu jagunço Milton matar os irmãos posseiros Januário e José Natal. O jagunço Milton foi condenado a 22 anos e 6 meses de prisão.
A 1ª Romaria da Terra em Arinos foi o ponto de partida para a luta dos movimentos sociais no Noroeste de Minas. A fazenda Menino, que era área de conflito agrária, é hoje um assentamento com mais de quinhentas famílias de camponeses nos Caminhos do Sertão de Guimarães Rosa e esta Romaria mostrou aos fazendeiros que matar posseiros, matar trabalhador rural para tomar suas terras já não era mais tão simples e a maioria da população aderiu à Romaria e quem não aderiu, tremeu.
A 2ª Romaria da Terra do Noroeste de Minas aconteceu na cidade de Arinos em 25 de julho de 1993 com aproximadamente 5.000 romeiros e romeiras.  Embora a Romaria contasse com o apoio do prefeito Tonhão, os fazendeiros, com o poder do coronel Jarbas, “levaram” para o município de Arinos mais de 250 policiais para prender os caminhões e tentar proibir a entrada dos romeiros na cidade de Arinos, os quais tiveram que seguir à pé por até 20 quilômetros. Revistaram todas as bolsas das mulheres, jovens e pessoas idosas. Depois desta Romaria, todas as grandes fazendas se tornaram assentamentos. O município de Arinos tem hoje 27 assentamentos de reforma agrária.
Todas as Romarias têm, no geral, os mesmos problemas e reações e tem como missão ouvir o clamor das terras e das águas como princípio e sustentabilidade da vida. Na misericórdia dinâmica do Papa Francisco, com a autorização do Bispo Dom Jorge, a Diocese de Paracatu, Cáritas, CPT e outros movimentos sociais, sindicais e eclesiais acolhem a XX Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais que será realizada no Noroeste de Minas, na Diocese de Paracatu, e terá sua celebração final na cidade de Unaí no dia 23 de julho de 2.017. Na última semana haverá missões de preparação nos 14 municípios da Diocese de Paracatu, como forma democrática de participação, divulgação, celebração e denúncia junto aos povos do campo e da cidade que lutam por justiça e fraternidade. Sobre a História da 1ª e 2ª Romaria da Terra em Arinos, assista aos vídeos entrevistas que frei Gilvander gravou com Manoel Delci, Joel Rodrigues e Padre Hilton Rodrigues Santana.